quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O menino da sua mãe

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe.
Fernando Pessoa
http://www.youtube.com/watch?v=QYmWJRCtxz8

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A turma do 12º CSH

A meta começa a vislumbrar-se ao longe ... Infelizmente, há quem tenha ficado pelo caminho... Mas não foram muitos! 
O Bruno, a Cila, o João Mendes, a Nicole, o Noé, a Sara, a Tânia (que regressou ...), a Vera Branco, a Vera Lourenço, o Wilson continuam firmes no barco! Querem alcançar a meta como vencedores! Mas para chegarmos todos a bom porto, ninguém pode desanimar! Temos de remar energicamente, apoiando-nos uns aos outros...

E já agora vale a pena reflectir sobre este poema:

Viagem
É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...


Miguel Torga, in 'Diário XII'