segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O SONHO

E porque sonhar é humano ...
A propósito do poema de Pessoa inserido num post anterior, mais um texto:


Vou falar-lhes do sonho…E da realidade.
Duas palavras antagónicas, tão cheias de significado. Duas palavras tão distantes mas que se confundem, ou melhor que se misturam, se entrelaçam. Para mim, a maior parte das vezes não as consigo separar. Porquê? Porque também eu sonho. Porque ansiava que o mundo fosse perfeito, ou quase, porque queria que o ser humano fosse perfeito, ou quase…. Queria um mundo pintado com as cores do arco-íris; queria ver crianças a sorrir, sem fome; porque não queria guerras, queria que todos os homens fossem justos, queria vê-los todos iguais, sem distinção de raças e credos. Queria um mundo melhor, sem doenças, sem mortes, sem invejas.
Mas isto era o meu sonho!!...
Entretanto acordo e quero que o sonho continue, abro os olhos e não quero ver a realidade, então baralho todas estas cartas que tenho na mão, para que as coisas boas suplantem as más.
Por momentos consigo, mas as cartas meu Deus! Estas cartas têm vida e pensam (mal, mas pensam) … pensam que não têm que fazer o que sonhei e voltam a baralhar-se e todas as coisas boas se tornam tão pequeninas que não conseguem lutar contras as más.
Tudo isto fez parte do sonho … mas é a realidade …!!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O SONHO

Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sol se olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
A vida é jovem e o amor sorri.
(...)
Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem e o amor sorri.
Fernando Pessoa

O Sonho - Madredeus


 
 Fernand Léger (1881-1955)

I
O sonho leva-nos a outras dimensões, onde desejaríamos estar. É uma fuga à realidade. É a liberdade! O sonho é a outra alternativa de viver o dia-a-dia. Porque nem tudo o que temos ou mesmo o que queremos, é real, apenas está guardado no nosso coração.
Sonhar transmite a paz interior de cada um de nós, pois sempre que sonhamos, procuramos o bem... porque para pesadelo já basta a realidade!
Sonhar é o lado lúdico da vida! É imaginar até não poder mais, é fingir que somos crianças, e que só vemos o mundo belo! Quando toca o relógio para acordar, não há ninguém que queira acordar!
Sara Valentim


Picasso (1881 - 1973 )
II
É sempre bom sonhar! Faz bem ao espírito, à mente!
Mas, na verdade, sonhar não passa de um mero desejo e vontade do que nos vai na alma, no nosso inconsciente.
Devemos sonhar, pois é através do sonho que viajamos pelo mundo, idealizamos aventuras e projectamo-nos para bem longe da realidade.
 No entanto, é com a realidade que devemos contar sempre, é através dela que conseguimos realizar alguns dos nossos sonhos. Ela é que nos dá a coragem e  a força para lutarmos por aquilo em que acreditamos e que desejamos atingir.
Pois, o “sonho comanda a vida” e a vida sem sonhos não tem sabor, e porque não juntar os dois? Esta é a realidade de um sonho! Por isso, deixem-me sonhar. É a única coisa que nunca ninguém me poderá tirar...
 Vera Pereira

domingo, 17 de outubro de 2010

O Modernismo

Domingo, tempo ideal para revisitar a pintura e a música modernista:


http://memoriavirtual.net/tag/picasso/ ( sobre a vida e obra de Picasso - em português)
http://www.museupicasso.bcn.es/ (Museu de Barcelona)
http://www.musee-picasso.fr/ ( Museu Picasso em Paris)

Tempo para ouvir ... Ouçam com atenção ! Qual destas composições pertencerá ao período Modernista?

http://www.youtube.com/watch?v=BeJI9weVxTM
 http://www.youtube.com/watch?v=9uMfXh4OOx8

"Autopsicografia"

 http://www.youtube.com/watch?v=WDb4mNUfijQ&feature=related

Após a audição e a análise do poema "Autopsicografia" de Fernando Pessoa, a turma foi convidada a escrever  um texto a partir do tema " fingimento" ...
 
Bom, todos escreveram , mas não se sentiram muito atraídos pelo tema!
Temos apenas um texto ...


Vida

A vida é assim mesmo!
Como uma montanha,
Como um teatro
Onde tu e eu…
Temos um papel!
Se é principal ou não?
Que importa?!
Temos um papel,
Fazemos
Parte da peça, da vida…
Fingimos que somos felizes,
Ou talvez não!
Pensamos que somos
Importantes,
Ou , então, não!
Fingimos que sabemos
O que queremos…
Mas!... Quando o pano cai…
Quando a cena acaba,
Fico eu, ficas tu, ficamos nós.
Já não sabemos
Se somos felizes
Ou se já fomos
Se chegamos ao topo
Lá da montanha!
 Cecília Silva

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Nobel da Literatura 2010: Mario Vargas Llosa

 

O escritor, ensaísta, político e jornalista peruano Mario Vargas Llosa venceu o Prémio Nobel da Literatura 2010. O maior galardão mundial das letras regressa à América Latina quase três décadas depois de ter sido atribuído ao colombiano Gabriel García Marquez. 

Não estava na lista dos favoridos ao Nobel deste ano mas era um eterno candidato. Maria Vargas Llosa, de 74 anos (28 de Março de 1936), é considerado um dos mais influentes escritores da sua geração. A Academia Sueca destingue-o "pela sua cartografia das estruturas de poder e pelas suas imagens mordazes da resistência, revolta e derrota dos indivíduos".
Líder político, ativista pelos direitos do homem, pela igualdade social e pela liberdade, manteve-se sempre fiel a uma luta contínua por um mundo melhor. Resistente como poucos, nunca baixou os braços perante qualquer regime.
O impacto internacional da sua obra é indiscutível. A obra "A Cidade e os Cães", do início dos anos 60, foi o seu primeiro título a correr mundo, mas terá sido com "Conversa na Catedral" e "A Tia Júlia e o Escrevedor" que o reconhecimento se consolidou. Autor versátil, Vargas Llosa tem a capacidade de deslumbrar leitores tanto com romances históricos como com policiais políticos.
O autor, tal como grande parte dos escritores latino-americanos, teve um início de carreira profundamente enraizado na sua cultura natal, mas foi progressivamente abordando temas mais universais. O seu envolvimento político, desde logo com o regime de Fidel Castro, e empenhamento social foi um dos seus motores de escrita. Analista acutilante da realidade cresceu como romancista e enriqueceu a literatura mundial.
Vargas Llosa, que está em Manhattan, onde se encontra a lecionar na Universidade de Princeton, é o 103.º Prémio Nobel da Literatura, atribuído pela primeira vez em 1901. No ano passado a distinção foi atribuída a Herta Müller. O francês Jean-Marie Gustave Le Clézio recebeu o galardão em 2008, Doris Lessing em 2007, Orhan Pamuk em 2006 e Harold Pinter em 2005. José Saramago, falecido em Junho deste ano, recebeu o Nobel em 1998, sendo o primeiro português a ser distinguido nesta categoria pela Academia Sueca.

 Alexandra Carita (www.expresso.pt)

12:04 Quinta feira, 7 de Outubro de 2010
 
 


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Para reflectir ... um texto de Fernando Pessoa

 Um texto que continua actual ...   e que nos faz pensar.

 A desorientação em que temos vivido, a decadência em que temos vegetado, deriva da acumulação de três factores, que em três épocas diferentes intervieram na vida nacional e cuja influência infeliz permaneceu.
O primeiro factor — a decadência propriamente dita — data da jornada de Alcácer Quibir, prolonga-se pelo domínio dos Filipes, e até hoje ainda não passou. Lampejos transitórios — a Restauração, o Marquês de Pombal, o Presidente Sidónio Pais — são apenas (salvo o último caso, de cujas consequências não podemos falar ainda) remissões da nossa doença colectiva.
O segundo factor — a desnacionalização — entrou com a vinda do sistema monárquico estrangeiro que, implantado primeiro em 1820, se arrastou, através de uma guerra civil constante, latente ou patente, até à sua fixação em 1851, e a corrupção definitiva dos nossos costumes políticos e administrativos, o abandono total do governo à portuguesa.
O terceiro factor, prolongamento desse segundo, surgiu plenamente em 1910, com a implantação da República. A desnacionalização tornou-se, nessa altura, degenerescência. Nem a degenerescência se limitava aos partidos que a República trouxe (não há estado social mórbido que seja pertença exclusiva de um partido), mas abrangeu também os velhos partidos monárquicos cuja obra a República, anarquizando mais, apenas continuou.
O problema português consiste na destruição da tripla camada de negativismo que assim cobre a Pátria.
s.d.

Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1979.
- 24.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A PROPÓSITO DO POEMA DE PESSOA “ O MENINO DA SUA MÃE”

Depois da audição e da análise do poema " O menino da sua mãe", eis o que alguns alunos escreveram:


I
Aquelas imagens passaram centenas de vezes na TV e cada vez que passavam, eu via como se fosse a primeira…
Aquela mulher de negro que corria como louca, gritando por alguém que ela sabia que já tinha perdido…
Aquela criança desnudada com olhos de fome e de lágrimas de fel, que chorava pelos pais, pedindo ajuda a ninguém…
Gente e mais gente, homens e mulheres perdidas de tudo, de ombros encolhidos e cara fechada… Vidas sem vida!
Era a destruição, era a fome, era tudo e não era nada!
… Era a guerra…!
Cecília Silva

II
O poema faz-me lembrar a tristeza que o mundo vive…. Tantas injustiças e tantas guerras que provocam milhões de mortes inocentes! Hoje em dia, vejo tantas coisas que provocam sofrimento e que poderiam ser evitadas! Tantas mágoas, tantas marcas que ficam na memória das pessoas…
Lembro-me do caso do Iraque, vejo os jovens a morrer, sem gozar a vida… Vivem no meio de tantas injustiças! Tornam-se uns seres revoltados, tomando depois atitudes demasiado radicais.
João Mendes
III
“O menino da sua mãe” é um poema triste que me faz reflectir… Faz-me pensar nas várias guerras “reais” que se desenrolam em várias partes do mundo e nas “pessoais” que vivemos diariamente. E para quê?
Vivemos todos no mesmo planeta, vemos todos o mesmo céu e o mesmo sol e respiramos todos o mesmo ar!!!
Não existe nada mais certo na nossa vida do que a morte. Para quê correr atrás dela?
Vera Lourenço Pereira

IV
Apesar de ter vivido séculos e séculos sob guerras e mais guerras, o ser humano continua a alimentar ódios, a manifestar agressividade e falta de escrúpulos em relação ao seu semelhante… Continua a provocar e a “ alimentar” guerras!
A ambição desmedida dos homens do poder leva-nos a entrar, sem queremos, em guerras e conflitos sem sentido.
Parece-me que agora começou um novo conflito, em França, com a expulsão da etnia cigana.
Vera Branco