sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ponto Final ...

Terminou hoje a viagem... mas vão iniciar-se muitas outras!
Foi um prazer ter trabalhado convosco! Um obrigado a todos!
Como não podia deixar de ser, vamos terminar com um poema...Com um poema que deverá ser lido e relido sempre que pensarem em desistir de alguma coisa!

Sísifo
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga, Diário XIII
 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ainda tempo de...

Ainda faltam alguns dias para a segunda fase dos exames...
Continua a ser tempo de estudo e tempo de balanço.


O caminho que percorremos ao longo destes três anos foi muito gratificante para mim em todos os aspectos. Fez-me crescer por dentro e simultaneamente cultivei amizades que espero não terminarem mesmo com a distância e os rumos diferentes que possamos dar às nossas vidas.
Ao início, tínhamos todas as forças do mundo, mas à medida que íamos avançando nos módulos, verificávamos que as “baterias” se  iam desgastando. Presumo que chorámos todos, ou quase todos, de cansaço, mas também por abdicarmos da nossa vida pessoal para atingirmos o nosso objectivo  a médio prazo...
Assim, volvidos esses três anos, podemos afirmar que conseguimos, graças à nossa perseverança e ao apoio de todos os nossos professores, que em diversas circunstâncias não os via apenas como professores, mas também como uns segundos pais, que se esforçavam para não baixarmos os braços e seguirmos em frente, mesmo que essa batalha fosse difícil para todos nós. (...) 
Embora tenha sido mais difícil para uns do que para outros, a verdade é que estamos todos de parabéns e Viva à turma 12º CSH!!!
O que ficou destes anos na escola secundária de Pedro Alexandrino não poderia ser melhor. Obrigada a todos os professores e colegas que me aturaram, pois quase todos estarão por certo no meu coração. Portanto, muito obrigada a todos vós! É certo que a vida continua, mas tê-los-ei sempre presente na minha mente e no meu coração!

P.S. Na verdade, desejei no início que esses anos passassem a correr. Para quê?!!! Olhando agora para trás sinto a falta de todos vós! Mas não se livram de mim, estejam descansados. Hehehe!!!
 Bem-Haja a todos e até sempre!!!
Vera Branco

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tempo de ...

Um pequeno intervalo no estudo:


Tempo de Poesia
Todo o tempo é de poesia

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que amar se consagram.

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.
António Gedeão


Tempo de ...

 Óleo sobre tela 25x23cm, Museu Dalí, São Petersburgo. Tempo

As aulas terminaram oficialmente no dia 9 de Junho... Mas ainda há a meta final dos Exames Nacionais! Agora é tempo de estudar, é tempo de aulas de apoio ... É tempo de recordar conhecimentos, de aprofundar outros!  Mas também já é tempo de balanço... 

Chegámos ao fim desta  viagem...
Foi uma viagem dura, difícil, mas que nos deixou a todos, no final destes três anos, a certeza do dever cumprido!
Foram três anos, 36 meses, 1080 dias, milhares de horas e muitos mais milhares de segundos....  ficámos mais velhos!! ... mas mais sábios. Aprendemos muita coisa mas acima de tudo, aprendemos que a amizade conta, aprendemos que nada se faz sem esforço, aprendemos que nada na vida se consegue sem luta e sem trabalho,aprendemos a saber ouvir e deixar ouvir, aprendemos que a união faz a força,aprendemos a respeitar e  ser respeitados.
Foi com o  fantástico  Fernando Pessoa e todos os seus amigos imaginários, o Grande Luís de Camões e a sua Epopeia dos Descobrimentos  , Padre António Vieira e os seus sermões que muito nos ensinou,  José Saramago mais o seu Memorial, Eça de Queirós e tantos tantos outros,  não esquecendo , claro está  a nossa Professora Rosário (fantástica) que com a sua calma e sabedoria nos foi tentando levar a bom porto.
Depois o nosso Professor Francisco, com a sua Filosofia e Psicologia e também a sua inteligência,  mostrou-nos  o mundo visto de outra maneira: Sócrates, Platão, Descartes,Freud, Piaget, António Damásio e tantos tantos outros.... Também ele, um dos Almirantes deste grandioso navio.
 A Professora Maria de Jesus com a sua também sabedoria  foi, umas vezes com muita velocidade, outras mais devagar, nos preparando da melhor maneira possível, desde o famoso Rei Sol a Napoleão, da  1ª grande Guerra à 2ª, passando por toda a história de Portugal,  e as várias crises em todo o mundo, foi  também ela uma timoneira desta viagem, que nos parecia não ter fim e que agora a tão poucos dias de ter terminado, deixa já tantas saudades.
O Professor Joaquim e  os seus “cromos” (como ele próprio nos chamava) de Economia,também teve uma palavra a dizer na forma como nos conduziu.
Não podemos esquecer todos os outros: Cristina Cosme, José Carvão,Carla (História do 10º)Carlos (Economia 11º) e tantos outros que embora não sendo nossos, acabaram por nos dar algum contributo.
Foram de facto 3 anos de luta, de aflições, de cansaço ,de altos e baixos, de alegrias e tristeza,de divertimento, mas acima de tudo de amizade e comprensão, mas chegámos ao fim da viagem, com o sabor da vitória e de termos conseguido atracar sem sobressaltos. O troféu esse ainda não o conseguimos , pois ainda nos espera a batalha final.
Por último uma palavra de apreço a todos os nossos colegas que por uma situação ou outra não conseguiram seguir viagem.... a esses, uma palavra de coragem para continuarem, pois de-certo irão conseguir!!!
Para terminar, uma vez mais um grande abraço a todos os professores que nos guiaram.
ATÉ SEMPRE!! NUNCA OS  VAMOS ESQUECER!!!
Cila Silva

domingo, 5 de junho de 2011

Os cartoons de João Abel Manta e a ditadura de Salazar

João Abel Manta (n. 1928), filho dos pintores Clementina Carneiro de Moura  e Abel Manta, diplomou-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1951.
Tem desenvolvido intensa actividade não só como arquitecto, mas também como pintor, cenografista e artista gráfico (cartaz, filatelia, ilustração e "design" de livros, jornais e revistas). É considerado o melhor "cartoonista" português deste século, na senda de Rafael Bordalo Pinheiro, Stuart Carvalhais e Leal da Câmara, tendo obtido diversos prémios nacionais e estrangeiros (...).     
http://www.ci.uc.pt/artes/manta/dicionario.htm (adaptado em 05/06/2011).

Através dos seus cartoons, representou de forma magistral o contexto político e social do Estado Novo e igualmente a época revolucionária do 25 de Abril. 
Relativamente ao primeiro período, vejamos os seguintes em que representa os pilares que sustentavam Salazar:

 
 
 IN  http://somethingexperimental.blogspot.com/2009/04/joao-abel-manta_17.html
Para alargar os seus conhecimentos, visite:

sábado, 4 de junho de 2011

A Música de Intervenção nos anos 60

A denominada  Música de Intervenção é uma resposta contra a  emigração, contra a guerra colonial, contra  a ditadura que cerceava a liberdade...
Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira,  Francisco Fanhais, José Mário Branco serão os expoentes máximos de um grupo bastante mais alargado.




Para conhecer melhor a vida e obra de José Afonso:
http://alfarrabio.di.uminho.pt/zeca/coro.html 


Para ouvir outras canções:
http://deltagata.no.sapo.pt/adriano.html

A Poesia de Intervenção dos anos 60

A Geração de 1960
Por volta de 1960 intensifica-se a oposição ao fascismo salazarista. Começaram a surgir, na poesia portuguesa, tendências e orientações que vieram modificar os hábitos de leitura que prevaleciam naquela época. A colectânea Poesia 61 foi um marco importante, incluindo textos de Casimiro de Brito, Fiama Hasse Pais Brandão, Gastão Cruz, Luiza Neto Jorge e Maria Teresa Horta.  (...)
Podemos considerar a poesia portuguesa, desenvolvida entre as décadas de 60 e 70, uma poesia de intervenção, uma vez que se observa que a resistência política e social dos escritores da época acompanha todo o processo de institucionalização de um Estado repressivo e conservador. Esta poesia acompanhou todo o processo de luta, intensificada durante os períodos eleitorais, os conflitos laborais e académicos, durante a guerra colonial e, posteriormente, durante o intenso processo que se seguiu à revolução de Abril de 1974. Relacionado com este período conturbado da história contemporânea portuguesa alinha-se um grupo de poetas cuja fase de consagração se liga directamente com uma atitude polémica de crítica político-social, grupo este que inclui nomes como Luís Veiga Leitão, Egito Gonçalves, Manuel Alegre, Fernando Assis Pacheco, António Gedeão, José Afonso, Sérgio Godinho, José Carlos Ary dos Santos, Joaquim Pessoa, José Jorge Letria, entre outros.
http://www.citi.pt/cultura/temas/a_geracao_de_1960.html

Fala do Homem nascido
Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém

Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci

Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr

Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta rumo ao norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada

Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham

Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu

Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar
com licença com licença
com rumo à estrela polar

António Gedeão In Teatro do Mundo, 1958



terça-feira, 31 de maio de 2011

Para ajudar a compreender Felizmente há luar!

A acção de Felizmente há luar! decorre em 1817, uma época conturbada do ponto de vista político, económico e social. Como teve oportunidade de verificar, existe um paralelismo entre esta época  e o tempo em que  a peça foi escrita, início dos anos 60 do século XX. 

Para aprofundar os seus conhecimentos sobre o início do século XIX, pode consultar o artigo da Infopédia:
http://www.infopedia.pt/$liberalismo-em-portugal

Quanto aos anos 60, consulte:

http://www.infopedia.pt/$oliveira-salazar

http://www.humbertodelgado.pt/WebFHD/index.jsp

http://www.infopedia.pt/$crise-academica-de-1962

 http://www.infopedia.pt/$guerra-colonial,2



domingo, 29 de maio de 2011

Luís Sttau Monteiro


Nome: Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro
Nascimento: 3-4-1926, Lisboa
Morte: 23-7-1993, Lisboa
Ficcionista, autor dramático, encenador e jornalista português, formado em Direito, Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu a 3 de abril de 1926, em Lisboa, e morreu, também nesta cidade, a 23 de julho de 1993. De ascendência espanhola, viveu uma parte da adolescência em Inglaterra, onde o seu pai foi embaixador.
Nos anos 70 do século XX, desenvolveu atividade como jornalista, tendo colaborado com o Diário de Notícias e com o Expresso e, na década seguinte, dirigido Confidencial (1984) e colaborado como guionista de uma novela televisiva.
Iniciou a sua carreira literária com a narrativa Um Homem Não Chora, obra saudada como uma revelação da ficção portuguesa contemporânea, a que se seguiu um romance de grande êxito, Angústia para o Jantar, onde se salientam a "ironia, o gosto pela sátira, a distanciação emocional, o cinismo [...] e, no plano estilístico, a vivacidade dos diálogos." (FERREIRA, António Mega - "Um Homem e a Sua Obra", introdução a Angústia para o Jantar, Círculo de Leitores, s/l, 1986, p. VIII).
Situado numa segunda geração neorrealista, foi sobretudo pela sua obra dramática que viria a ser consagrado, recebendo com Felizmente Há Luar!, em 1962, o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores. Essa peça histórica, que recorda a rebelião do general Gomes Freire de Andrade, foi proibida pela censura tendo sido representada no nosso país apenas em 1978.
As suas sátiras sobre a ditadura e a Guerra Colonial, fruto do seu espírito crítico e combativo, tornaram-no objeto de perseguição política, chegando mesmo a ser preso como quando publicou A Estátua e A Guerra Santa.
Embora levadas à cena por companhias estrangeiras, poucas peças de Luís de Sttau Monteiro foram representadas em Portugal antes do 25 de abril, excetuando-se As Mãos de Abraão Zacut, estreada em 1969 pela Companhia do Teatro Estúdio de Lisboa, sob a direção de Luzia Maria Martins.
Homem essencialmente de teatro, Sttau Monteiro foi ainda autor de uma adaptação da novela O Barão, de Branquinho da Fonseca, e de várias traduções de autores dramáticos como Shakespeare ou Ibsen, que ele próprio levou à cena.

Bibliografia: Um Homem Não Chora, Lisboa, 1960; Angústia para o Jantar, Lisboa, 1961; Felizmente Há Luar!, Lisboa, 1961; Todos os Anos, pela Primavera, Lisboa, 1963; O Barão, Lisboa, 1964; Auto da Barca do Motor fora da Borda, Lisboa, 1966; A Guerra Santa, Lisboa, 1967; A Estátua, Lisboa, 1967; As Mãos de Abraão Zacut, Lisboa, 1968; Sua Excelência, Lisboa, 1971; E se For Rapariga chama-se Custódia, 1978; Crónica Atribulada do Esperançoso Fagundes, Lisboa, 1981.

Luís de Sttau Monteiro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-05-29].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$luis-de-sttau-monteiro>.

domingo, 22 de maio de 2011

Os Heróis

 Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)
História trágico marítima (1944),  Centro de Arte Moderna

O povo, personagem colectiva, é o verdadeiro herói da saga da construção do convento. No entanto, no capítulo XVIII, o narrador não deixa de individualizar alguns operários: Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim da Rocha, Manuel Milho,  João Anes, Julião Mau-Tempo,  Baltasar Mateus. Simbolicamente, no capítulo XIX, atribui um nome a cada letra do alfabeto, num simples desejo de o tornar imortal e de o incluir na História de Portugal: «…Alcino, Brás, Cristóvão, Daniel, Egas, Firmino…». p. 242. 
Nesse capítulo XIX, esses heróis deslocam-se a Pêro Pinheiro para transportarem uma pedra descomunal...  O sofrimento e o cansaço são imensos! A morte espreita a cada passo:

 «Tão grande fora o sofrimento durante este arrastado dia, que todos diziam, Amanhã não pode ser pior, e no entanto sabiam que iria ser pior mil vezes.(…) não podem as galés ser piores do que isto (…) Assim, a plataforma ia descer a pulso. Não havia outra maneira. (…)
Seiscentos homens agarrados desesperadamente aos doze calabres que tinham sido fixados na traseira da plataforma, seiscentos homens que sentiam, com o tempo e o esforço, ir-se-lhes aos poucos a tesura dos músculos, seiscentos homens que eram seiscentos medos de ser, agora sim, ontem aquilo foi uma brincadeira de rapazes (…) p.256.
«…vão aqui seiscentos homens que não fizeram nenhum filho à rainha e eles é que pagam o voto, que se lixam, com perdão da anacrónica voz». p. 257.
 (...) Um dos homens que trabalham aos calços é Francisco Marques. Provou já a sua destreza, uma curva má, duas péssimas, três piores que todas, quatro só se fôssemos doidos, e por cada uma delas vinte movimentos, tem consciência de que está a fazer bem o trabalho, por acaso agora nem pensa na mulher, a cada coisa seu tempo, toda a atenção se fixa na roda que vai começar a mover-se, que será preciso travar, não tão cedo que torne inútil o esforço que lá atrás estão fazendo os companheiros, não tão tarde que ganhe o carro velocidade e se escape ao calço. Como agora aconteceu. Distraiu-se talvez Francisco Marques, ou enxugou com o antebraço o suor da testa, ou olhou cá do alto a sua vila de Cheleiros, enfim lembrando-se da mulher, fugiu-lhe o calço da mão no preciso momento em que a plataforma deslizava, não se sabe como isto foi, apenas que o corpo está debaixo do carro esmagado …». p. 259

O   Poema da Pedra Lioz , de António Gedeão, faz-nos recordar estes homens, trabalhadores incansáveis, sempre prontos a dar a vida por uma promessa que não tinham feito...
  
Álvaro Gois
Rui Mamede,
filhos de António Brandão,
naturais de Cantanhede,
pedreiros de profissão,
de sombrias cataduras
como bisontes lendários,
modelam ternas figuras
na lentidão dos calcários.


Ali, no esconso recanto,
só o túmulo, e mais nada,
suspenso no roxo pranto
de uma fresta geminada.
Mas no silêncio da nave,
como um cinzel que batuca,
soa sempre um truca?truca?
lento, pausado, suave,
truca, truca, truca, truca,
sob a abóbada romântica,
como um cinzel que batuca
numa insistência satânica:
truca, truca, truca, truca,
truca, truca, truca, truca.


Álvaro Gois,
Rui Mamede,
filhos de António Brandão,
naturais de Cantanhede,
ambos vivos ali estão,
truca, truca, truca, truca,
vestidos de sunobeco
e acocorados no chão,
truca, truca, truca, truca.


 No friso, largo de um palmo,
que dá volta a toda a arca,
um cristo, de gesto calmo,
assiste ao chegar da barca.
Homens de vária feição,
barrigudos e contentes,
mostram, no riso dos dentes
o gozo da salvação.
Anjinhos de longas vestes,
e cabelo aos caracóis,
tocam pífaro celestes,
entre cometas e sóis.
Mulheres e homens, sem paz,
esgaseados de remorsos,
desistem de fazer esforços,
entregam se a Satanás.


Fixando a pedra, mirando a,
quanto mais o olhar se educa,
mais se estende o truca?truca?
que enche a nave, transbordando a,
truca, truca, truca, truca
truca, truca, truca, truca.


 No desmedido caixão,
grande sonhor ali jaz.
Pupilo de Satanás?
Alma pura, de eleição?
Dom Afonso ou Dom João?
Para o caso tanto faz."


António Gedeão, in Teatro do Mundo


http://www.romulodecarvalho.net/Poemas/Poema-da-Pedra-Lioz.html 

Do sonho à realidade: a construção do Convento

«Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento»


Como teve oportunidade de verificar através da leitura, o narrador de Memorial do Convento coloca-se sempre ao lado dos operários. 


Recorde o poema de Vinicius de Morais ... Estabeleça um paralelo com a "realidade" retratada na narrativa de Saramago:



ÍCARO

A QUEDA DE ÍCARO – Peter Paul Rubens, 1636-8.
Óleo sobre tela. Museu de Arte Antiga, Bruxelas.


Se quiser conhecer em profundidade este quadro, visite:



Lenda de Dédalo e Ícaro

Dédalo era um construtor e um escultor muito competente de Atenas que caiu em desgraça por ter assassinado Talo. Acolhido com amizade pelo rei Minos de Creta, Dédalo refugiou-se com o filho Ícaro na Ática. Foi incumbido de construir um labirinto para guardar o terrível Minotauro, filho da Rainha Pasifae, mulher de Minos, e de um touro. Minotauro era portanto um monstro, metade homem e metade touro, que se alimentava de carne humana. O labirinto era tão perfeito que até Dédalo teve dificuldade em sair dele.
O rei Minos, como castigo pelo facto dos Atenienses lhe terem matado o filho Androgeu, tomou a cidade de Atenas e impôs um tributo anual de sete rapazes e sete raparigas para alimentar o Minotauro. Ao fim do terceiro tributo, Teseu, filho do rei de Atenas, ofereceu-se como uma das vítimas, a fim de salvar a sua Pátria do flagelo que os atingia. Ao chegar a Creta, Ariadne, filha do rei Minos, apaixonou-se pelo jovem Teseu e, com a ajuda de Dédalo, deu ao jovem um novelo de fio que guiou o herói para fora do labirinto. Furioso com a traição de Dédalo, o rei Minos mandou-o encerrar, juntamente com o seu filho Ícaro, numa ilha de onde não podiam fugir sem autorização do rei. Dédalo começou então a imaginar uma fuga. Recolheu penas de aves e, unindo-as com cera, construiu asas para si e para o filho. Conseguiram assim voar até uma ilha vizinha, mas Ícaro, entusiasmado com o sucesso da experiência, continuou a voar cada vez mais alto, não dando ouvidos a Dédalo, que de terra o advertia para não voar alto de mais, por causa do sol. Como se aproximou demasiado do sol, este derreteu a cera das asas e Ícaro caiu no mar Egeu, afogando-se para grande desgosto de Dédalo, que mais não pôde fazer do que observar e chorar a morte do filho. A ilha, onde caiu o corpo do jovem Ícaro, recebeu o nome de Icária.

Lenda de Dédalo e Ícaro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-05-22].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$lenda-de-dedalo-e-icaro>.

E é o sonho que comanda a vida ...

Uma obra grandiosa nasce sempre de um sonho! De uma ousadia, de um querer ir mais além... Ficar amarrado ao cais, preso nas teias da segurança é não ser HOMEM!

Em Memorial do Convento, o sonho é a alavanca principal!

Deixe-se embalar pelas palavras  e pela música:


Que relações poderemos estabelecer entre o poema de Gedeão e Memorial do Convento?
Para ler e saborear o poema:

http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/antonio_gedeao/pedra_filo.html

Observe, agora, a reprodução de uma pintura de Chagall:

Au dessus de la ville
Será que esta tela não nos levará  até Baltasar e Blimunda?

domingo, 8 de maio de 2011

Bartolomeu Lourenço de Gusmão


In http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=33949&op=all

Clérigo e inventor do aeróstato, Bartolomeu Lourenço de Gusmão, nasceu por volta de 1685, no Brasil.
Estudou no seminário da Companhia de Jesus na Baía. Mais tarde veio para Portugal, já sacerdote, e matriculou-se na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra.
Em 1709 apresentou a D. João V uma petição em que anunciava ter descoberto um "instrumento para se andar pelo ar", a chamada passarola, apontando-lhe diversas utilidades práticas. O monarca manifestou interesse nas suas demonstrações. Mas as experiências ficaram aquém das expectativas e acabaram por desmotivar Gusmão do prosseguimento das suas invenções. Desiludido, Gusmão continuou o curso universitário em Coimbra, que interrompera, obtendo o seu doutoramento em Cânones.
Depois de fundada a Academia Real da História, Bartolomeu de Gusmão foi logo nomeado membro da instituição, e D. João V colocou-o na secretaria de Estado. Foi depois encarregado pela Academia de redigir em português a história do bispado do Porto.
Apesar das honras acumuladas, acabou por ter que partir para Espanha, em fuga da Inquisição, em 1724. Morreu em Toledo nesse mesmo ano.

Bartolomeu de Gusmão. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-05-08].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$bartolomeu-de-gusmao>.