sábado, 6 de novembro de 2010

Orpheu



A revista Orpheu

Orpheu, revista luso-brasileira, marca o início do modernismo em Portugal. O primeiro número da responsabilidade do brasileiro  Ronaldo de Carvalho e de Luís de Montalvor, foi publicado em 1915 e incluía textos de diversos autores, nomeadamente, Fernando Pessoa, Mário Sá Carneiro, Raul Leal, Almada Negreiros.
Logo neste primeiro número, a revista foi alvo de grandes críticas, sobretudo por causa dos poemas “Ode Triunfal”, de Álvaro de Campos e “Manucure”, de Mário de Sá Carneiro, tendo causado um grande escândalo e polémica entre o público em geral.
Aproveitando o escândalo da primeira edição, é lançado o segundo número, orientado mais para o futurismo e dirigido por Fernando Pessoa e Mário Sá Carneiro, com textos de Ângelo Lima, Raul Leal, Santa -Rita Pintor, entre outros.
O terceiro número da revista não chegou a ser publicado por falta de dinheiro.
Orpheu marcou a História da Literatura Portuguesa do século XX, sendo considerada um marco inicial do Modernismo em Portugal. Os protagonistas da revista ficaram conhecidos como «Geração de Orpheu».

Vera Pereira
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revista_Orpheu
http://memoriavirtual.net/tag/almada/

Guilherme de Santa Rita ( Lisboa-1889-1918) "O Orpheu dos Infernos"

 Quem era Orpheu?

 Personagem mítica, descrita de maneiras diferentes pelos poetas e obscurecida por numerosas lendas. Entretanto, Orfeu  destaca-se sempre como o músico por excelência que, com a lira ou a citara, apazigua os elementos desencadeados pela tempestade, enfeitiça as plantas, os animais, os homens e os deuses. Graças a esta magia da música, chega a obter dos deuses infernais a libertação da amada Eurídice, morta por uma serpente, quando fugia das investidas de Aristeu. Mas uma condição foi-lhe imposta: que ele não a olhasse antes de ela voltar à claridade do dia. Contudo, no meio do caminho, Orfeu  olha para trás : Eurídice desaparece para sempre. Inconsolável, acaba os seus dias mutilado pelas mulheres trácias, cujo amor ele desdenhava.

http://sites.google.com/site/dicionariodemitologia/orfeu (texto adaptado)

Para ouvir:

Monteverdi (Sec. XVII)- ORFEO - Prologo, Toccata, Sinfonie, Moresca

Igor Stravinsky (século XX) - Orpheus, ballet (1/3)


ORFEU REBELDE

Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade no meu sofrimento.
Outros, felizes, sejam rouxinóis...

Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que ha' gritos como há nortadas
Violências famintas de ternura.

Canto como quem usa
Os versos em legitima defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.

Miguel Torga


Aprende
A não esperar por ti
pois não te encontrarás
No instante de dizer sim ao destino
Incerta
paraste
emudecida
E os oceanos depois devagar te rodearam

A isso chamaste Orpheu Eurydice
Incessante intensa lira vibrava ao lado
Do desfilar real dos teus dias
Nunca se distingue bem o vivido do não vivido
O encontro do fracasso
Quem se lembra do fino escorrer da areia na ampulheta

Quando se ergue o canto
Por isso a memória sequiosa quer vir à tona
Em procura da parte que não deste
No rouco instante da noite mais calada
Ou no secreto jardim à beira-rio
em Julho"

- Sophia M. B. Andresen -

Nenhum comentário:

Postar um comentário