Dirigindo-se a Baltasar, Bartolomeu Gusmão diz a propósito de Blimunda: “Só te direi que se trata de um grande mistério, voar é simples coisa comparando com Blimunda” (p.65).
São os olhos que se destacam nesta jovem de dezanove anos:
(...) “e de cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na boca do estômago, porque olhos como estes nunca se viram, claros de cinzento, ou verde, ou azul, que, com a luz de fora variam ou o pensamento de dentro, e às vezes tornam-se negros nocturnos ou brancos brilhantes como lascado carvão de pedra” (...) (p.55)
(...) “claros, verdes, cinzentos, azuis quando lhes dava de frente a luz e de repente escuríssimos, castanho de terra, água parda, negros se a sombra os cobria ou apenas aflorava” (...) (p. 103).
Estes olhos possuem o dom de poderem ver o interior dos corpos e da terra desde que se encontre em jejum. No entanto, promete que nunca vai olhar Baltasar por dentro (“Nunca te olharei por dentro” (p.57)).
São os olhos que lhe permitem recolher "as vontades" das pessoas, fonte do éter, necessário ao voo da passarola. No final da obra, reencontra Baltasar e, estando este prestes a ser queimado, acaba por recolher a sua vontade.
Na Literatura, os olhos das personagens femininas desempenham quase sempre um papel relevante. No século XIX, Almeida Garrett, em Viagens na minha Terra, deixou-nos um dos textos mais belos:
Também na poesia e na música, os olhos têm sido cantados ao longo dos séculos:
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